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Criando o próprio panteão

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J. Tagus (maio de 2025) A humanidade não é algo homogêneo e sim uma miríade de povos com suas respectivas culturas. Quero abordar isso no sentido religioso — a religião é um fenômeno tão antigo quando o homem, desde os deuses uranos e solares, os primeiros contatos com o mistério da existência conforme Mircea Eliade aborda em seu clássico "Tratado de história das religiões". E, em cada canto deste planeta, esse fenômeno "humano, demasiado humano" que é a expressão religiosa se manifesta de forma única mas, também, estranhamente familiar.

Da função do banimento

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J. Tagus (janeiro de 2025) Ainda que o universo esteja permeado de magia e rotineiramente a pratiquemos sem perceber, o ato consciente e deliberado da prática mágicka requer preparação. Isso vale para qualquer atividade humana, evidentemente. Se vamos trepar, nos banhamos, separamos os itens — preservativos, lubrificante e o que quer que o seu kink demande. Pintar um quadro, escrever um livro ou fazer pão são a mesma coisa. É preciso se dispor àquilo e entrar no estado de espírito adequado. É claro que muita coisa é feita de improviso e inesperadamente, e decerto a vida seria muito chata se fôssemos pautados por um manual caga-regra. Como caoístas e portanto abertos à aleatoridade e ao fluxo constante da vida, rejeitamos "cartilhas". Contudo, somos seres racionais. Magia é buscar influir na realidade conforme nosso intento. Nesse sentido precisamos estar despertos, precisamos saber o que queremos.

A divindade em você

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J. Tagus (julho de 2024) Um dos traços característicos do caminho da mão esquerda é o reconhecimento pelo indivíduo de seu próprio poder. O paradigma submisso, que tem sido marca da tradição abraâmica que nos sujeita a jeovás todo-poderosos, é desconstruído e dá lugar a uma nova visão de mundo. Nela estamos sobre nossas próprias pernas e olhamos altivos. Não quer dizer que sejamos os "bonzões" — estamos cientes dos nossos defeitos e imperfeições, na "dor e delícia de ser o que é", como diz a música de Caetano Veloso. O processo de autoconhecimento faz parte do caminho mágicko. É a integração do self , o ser quem somos, na psicologia analítica junguiana. Conhecemos nossos defeitos; e avançamos para corrigi-los. Nós mesmos, não os jeovás todo-poderosos.

O futuro e métodos divinatórios

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J. Tagus (abril de 2024) O destino não é linear e caminhos não estão implacavelmente traçados. Nenhuma crença pode coexistir harmonicamente com o fatalismo, diante da contradição evidente; se tudo já está decidido, então não há livre-arbítrio e muito menos mérito nas ações. Marx diz no "Dezoito Brumário" que os homens não fazem sua história livremente, afinal estamos presos e limitados pelas condições legadas do passado. É idealismo — no sentido da crítica marxiana — conceber um agir "por alto", que não leve em conta a conjuntura concreta, material. Contudo, ainda que condicionados pelas limitações ao redor, os homens, ora, agem ; fazemos história. De nosso jeito, conforme possível. Mas fazemos.

A questão da maestria

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J. Tagus (março de 2024)  É provável que ao mergulhar nas diversas tradições o buscador se depare com portas instransponíveis. Terá diante de si "mestres" supostamente detentores de conhecimentos profundos não acessíveis aos reles mortais. Conhecimentos que "só" eles sabem e mais ninguém. Fazem mistério e suspense em torno disso; criam histórias, valorizam ao máximo sua posição de autoridade. Na verdade, nem é um saber tão inacessível assim — talvez pagando o curso ou a bagatela da iniciação, quem sabe? E o véu de Ísis é assim desvelado.

Por uma teoria das maldições

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J. Tagus (janeiro de 2024) No caminho da mão esquerda a vontade pessoal é levada em alta conta. Somos seres racionais — na medida do possível, e está tudo bem —, com sentimentos e desejos. Não abdicamos disso em prol da sujeição a uma outra vontade "maior". Esse comportamento, algo masoquista, é típico dos teísmos de matriz abraâmica. Dar a outra face, pagar o mal com o bem etc. é sua recomendação doutrinária. Em nossa opinião, isso é absurdo. Se devolvemos o mal que recebemos com o bem, como o próprio bem que recebermos será pago? A injustiça salta aos olhos. Tais religiões falham retumbantemente em equacionar as implicações éticas ínsitas a si. Não nos referimos à questão do perdão; pessoas mudam e podem perceber o erro. Uma justiça "implacável", que não admite segundas chances, é irracional e bárbara. Mas é justo e legítimo que os malfeitores empedernidos, que nos fizeram — ou aos nossos entes queridos — algum malefício recebam a devida paga. 

Os três tipos de crescimento

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J. Tagus (dezembro de 2023) A vida como jornada; a "Grande Obra" está por se fazer diariamente. O objetivo do mago — isto é, aquele artista que conscientemente quer impor seu intento ao universo — é buscar seu constante aprimoramento. Em termos junguianos isso implica em integrar o Self, nos tornar o que somos. Sabemos que o "eu", aquilo que se expressa de forma consciente, é pequena parcela nossa. Temos conosco muito mais do que isso e inclusive aspectos pouco lisonjeiros! É a "sombra", aquela parte que não gostamos de enxergar em nós e que preferimos projetar nos outros.