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A divindade em você

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J. Tagus (julho de 2024) Um dos traços característicos do caminho da mão esquerda é o reconhecimento pelo indivíduo de seu próprio poder. O paradigma submisso, que tem sido marca da tradição abraâmica que nos sujeita a jeovás todo-poderosos, é desconstruído e dá lugar a uma nova visão de mundo. Nela estamos sobre nossas próprias pernas e olhamos altivos. Não quer dizer que sejamos os "bonzões" — estamos cientes dos nossos defeitos e imperfeições, na "dor e delícia de ser o que é", como diz a música de Caetano Veloso. O processo de autoconhecimento faz parte do caminho mágicko. É a integração do self , o ser quem somos, na psicologia analítica junguiana. Conhecemos nossos defeitos; e avançamos para corrigi-los. Nós mesmos, não os jeovás todo-poderosos.

O futuro e métodos divinatórios

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J. Tagus (abril de 2024) O destino não é linear e caminhos não estão implacavelmente traçados. Nenhuma crença pode coexistir harmonicamente com o fatalismo, diante da contradição evidente; se tudo já está decidido, então não há livre-arbítrio e muito menos mérito nas ações. Marx diz no "Dezoito Brumário" que os homens não fazem sua história livremente, afinal estamos presos e limitados pelas condições legadas do passado. É idealismo — no sentido da crítica marxiana — conceber um agir "por alto", que não leve em conta a conjuntura concreta, material. Contudo, ainda que condicionados pelas limitações ao redor, os homens, ora, agem ; fazemos história. De nosso jeito, conforme possível. Mas fazemos.

A questão da maestria

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J. Tagus (março de 2024)  É provável que ao mergulhar nas diversas tradições o buscador se depare com portas instransponíveis. Terá diante de si "mestres" supostamente detentores de conhecimentos profundos não acessíveis aos reles mortais. Conhecimentos que "só" eles sabem e mais ninguém. Fazem mistério e suspense em torno disso; criam histórias, valorizam ao máximo sua posição de autoridade. Na verdade, nem é um saber tão inacessível assim — talvez pagando o curso ou a bagatela da iniciação, quem sabe? E o véu de Ísis é assim desvelado.

Por uma teoria das maldições

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J. Tagus (janeiro de 2024) No caminho da mão esquerda a vontade pessoal é levada em alta conta. Somos seres racionais — na medida do possível, e está tudo bem —, com sentimentos e desejos. Não abdicamos disso em prol da sujeição a uma outra vontade "maior". Esse comportamento, algo masoquista, é típico dos teísmos de matriz abraâmica. Dar a outra face, pagar o mal com o bem etc. é sua recomendação doutrinária. Em nossa opinião, isso é absurdo. Se devolvemos o mal que recebemos com o bem, como o próprio bem que recebermos será pago? A injustiça salta aos olhos. Tais religiões falham retumbantemente em equacionar as implicações éticas ínsitas a si. Não nos referimos à questão do perdão; pessoas mudam e podem perceber o erro. Uma justiça "implacável", que não admite segundas chances, é irracional e bárbara. Mas é justo e legítimo que os malfeitores empedernidos, que nos fizeram — ou aos nossos entes queridos — algum malefício recebam a devida paga. 

Os três tipos de crescimento

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J. Tagus (dezembro de 2023) A vida como jornada; a "Grande Obra" está por se fazer diariamente. O objetivo do mago — isto é, aquele artista que conscientemente quer impor seu intento ao universo — é buscar seu constante aprimoramento. Em termos junguianos isso implica em integrar o Self, nos tornar o que somos. Sabemos que o "eu", aquilo que se expressa de forma consciente, é pequena parcela nossa. Temos conosco muito mais do que isso e inclusive aspectos pouco lisonjeiros! É a "sombra", aquela parte que não gostamos de enxergar em nós e que preferimos projetar nos outros. 

Explicando nossa definição de magia

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J. Tagus (dezembro de 2023) Magia é a arte de buscar influir na realidade para a realização de nosso intento. Explicando os elementos da definição. Arte , porque exige criatividade, inovação e inspiração (1) . O marxista polonês Adam Schaff diz que o indivíduo é um "microcosmo específico", uma "estrutura irrepetível" (2) . Ninguém é igual a ninguém, afinal cada um de nós é fruto — e agente! — de processos personalíssimos. A magia, que é emanação dessa individualidade inerente a cada um, também será exclusiva a seu modo. Não há dois quadros pintados iguais, ainda que os pintores pertençam à mesma escola; cada artista imprime sua marca pessoal que é inimitável, irreproduzível. Por que com magia seria diferente? Grimórios e cartilhas são apenas demonstrativos de uma forma de fazer, dentre inúmeras formas. Incatalogáveis formas.